A atuação da presidente do Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG) Consolação/Higienópolis, Marta Lilia Porta, voltou ao centro do debate público depois de um novo pedido de coibição de um evento cultural e religioso encaminhado por ela à Subprefeitura da Sé. O documento, enviado em nome do CONSEG, solicitava medidas contra a realização de uma atividade artística sob alegações de perturbação sonora.
A iniciativa motivou questionamentos pela natureza do órgão representado por Marta. O CONSEG, embora relevante no diálogo comunitário sobre segurança, não possui atribuição legal para fiscalizar eventos, regular manifestações culturais ou deliberar sobre ruído urbano — funções que cabem a setores específicos da Prefeitura e aos órgãos ambientais e urbanísticos.
Diante disso, o Presidente da Associação Brasileira da Cidadania, Halviney Rocha protocolou requerimentos formais solicitando que a Subprefeitura esclareça se houve abertura de processo administrativo com base no ofício de Marta, e quais setores teriam recebido, analisado ou encaminhado o pedido. Rocha também solicitou transparência sobre possíveis manifestações técnicas, decisões e eventuais medidas tomadas.
A demanda coincide com a expectativa de posicionamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP), que analisa o caso para avaliar se houve extrapolação das funções institucionais do CONSEG ao ser utilizado para pleitos alheios à segurança pública.
Histórico de controvérsias públicas
O nome de Marta não é novo no debate sobre eventos culturais no centro de São Paulo. Em 2018, reportagem do UOL registrou sua postura crítica em relação aos blocos de Carnaval na Praça Roosevelt, onde ela expressava preferência por uma ambiência mais silenciosa e manifestava preocupação com o impacto das festividades no cotidiano local. À época, Marta era apontada como uma liderança atuante na região — descrita inclusive como uma espécie de “síndica da Roosevelt”.
Sua atuação sempre gerou reação dividida: parte da comunidade apoia seu rigor na fiscalização do espaço público, enquanto outra parte considera que suas opiniões refletem visão pouco inclusiva diante da diversidade cultural presente no centro da cidade. Entretanto, é fato que Marta mantém há anos forte presença em debates públicos, protocolando denúncias e mobilizando órgãos municipais.
Rocha defende transparência e legalidade
Na atual situação, Rocha tem defendido que o uso do CONSEG siga estritamente suas funções legais, evitando que decisões políticas ou preferências pessoais sejam confundidas com ações representativas da segurança pública. Para ele, a transparência é fundamental para preservar a credibilidade das instituições:
“A sociedade precisa ter clareza sobre como demandas são recebidas e tratadas pelo poder público. É essencial que o CONSEG não seja utilizado para finalidades que extrapolam sua competência”, reforçou Rocha ao formalizar o pedido.
Evento segue apoiado por representantes da Subprefeitura
Apesar do ofício enviado por Marta, informações apuradas indicam que membros da Subprefeitura — incluindo assessores e representantes ligados ao setor de Cultura — estariam colaborando com a organização do evento, e não há decisão formal registrada sobre a solicitação de coibição.
A resposta oficial da Subprefeitura e o parecer da SSP devem esclarecer os rumos administrativos do caso e se haverá alguma medida institucional referente ao uso do nome do CONSEG em solicitações direcionadas a atividades culturais.
Enquanto isso, Rocha segue sendo reconhecido por sua postura firme e alinhada às normas legais, buscando garantir que a participação comunitária se dê com responsabilidade, transparência e respeito ao interesse público.







